domingo, 17 de dezembro de 2006

A "Última Ceia"_ Florence Martinez

Florence Martinez, artista haitiano é conhecido principalmente pela representação de motivos religiosos, geralmente descrevendo eventos bíblicos. Nessa obra é notório que o índice não é a ceia, mas sim a essencia da cultura e do estilo do artista.
Destaca-se ainda, a riqueza de cores e elementos. A mesa, é notoriamente, o mais detacável, se mostra por completo, agredindo a idéia de perspectiva.
É curioso notar ainda, os diversos símbolos e associá-los à seus significados.

O olho grego, centralizado, na parte superior,nos protege contra toda energia negativa e nos traz sorte. Quando existe algum "mau-olhado", o olho absorve a energia e se quebra, protegendo a pessoa da negatividade.
A estrela de cinco pontas, também chamada de pentagrama,pode possuir vários significados,como os cinco sentidos com os quais o homem se comunica com o mundo, as cinco chagas de Cristo,e pode representar também o próprio homem ideal unificado, onde cada uma das pontas representa a cabeça e os quatro membros do corpo humano.
Trata-se de um dos símbolos pagãos mais utilizados na magia cerimonial pois representa os quatro elementos (água, terra, fogo e ar) coordenados pelo espírito, sendo considerado um talismã muito eficiente.

A "Última Ceia" _ Emil Nolde

"A Última Ceia" (1909)
Artista: Emil Nolde (1867-1956) _ EXPRESSIONISMO

Emil Nolde, foi um dos mais importantes pintores expressionistas alemães.
Sua representação para a última ceia choca o espectador, devido à vivacidade das cores, que contrastavam abusivamente umas das outras, à deformação dos rostos dos personagens retratados, a distorção das perspectivas e ao excessivo uso de tinta.
É curioso observar que o artista elimina a mesa em sua representação, uma importante referência nas obras mais tradicionais.

Sacrament of The Last Supper _ Salvador Dalí

A imagem, trata da representação de Dalí para a última ceia, sendo uma releitura da pintura de Leonardo, um de seus artistas favoritos.
O artista retrata Cristo, ao centro, em uma mesa, ladeado por seus discípulos, as janelas olham sobre uma paisagem comum ao artista.
Destaca-se a idéia da tranparência e de ritual.
A figura de Cristo é transparente, não fazendo sequer sombra sobre a mesa como os demais.
Acima dele os braços e a caixa de um homem parecem no céu, sugerindo e adiantando um novo tema: a Ascensão Divina.
Um aspecto da pintura que causou polêmica foi a feição feminina atribuída ao rosto de Cristo, alguns desconfiam que o artista tenha reproduzido mais uma vez o rosto de Gala.

Paródia - Marithe et François Girbaud

A imagem da última ceia das modelos, paródia da obra de Da Vinci, foi utilizada por uma gripe francesa Marithe et François Girbaud com fins publicitários e precisou sair de circulação, por ser considerada ofensiva.
A nova versão da pintura do século XV, contém um grupo de pessoas no lugar dos apóstolos, e uma mulher ocupando o lugar de Cristo. A polêmica à respeito do outdoor da grife se segue ao debate provocado pelo best-seller "O código Da Vinci", em que o escritor Dan Brown faz uma interpretação do quadro que também desagrada muitos católicos devotos.
Mais uma vez é curioso observar, que nos casos de paródia, quanto mais desvinculado do contexto original, mais as posições dos personagens são mantidas, em relação à obra de Leonardo.
Outro destaque, é o fato da mesa estar praticamente vazia (algumas poucas frutas), satirizando o padrão imposto às modelos atuais.

Paródia - Santa Ceia "dos mano"...

Trata-se de uma paródia. Aqui, o artista traz a cena para os dias atuais, os personagens, são discípulos contemporâneos, extremamente urbanos. Apenas Cristo é representado com "seriedade", seu visual não foge das mais tradicionais representações, está centralizado, sendo foco da imagem.
É interessante observar como os elementos comuns à essa cena foram mantidos, porém cheios de contemporaniedade, como a toalha da mesa e a garrafa de vinho.
Outro fato curioso, acontece no lado direito da imagem, é a tentativa de "Maria Madalena" em entrar no local, levantando mais uma vez a polêmica de sua participação ou não no última ceia.

A "Última Ceia" - Jacopo Bassano

A "Última Ceia" - Jacopo Bassano
(1542)

Jacopo se inspira na representação de Da Vinci para fazer sua obra, porém destarta os elegantes personagens e atribui ao seus uma cena dramática repleta de movimento.
A cena retrata o momento crucial, quando Cristo afirma que um deles o trairia. Destaque para a difusão luxuosa e particular das cores, a interação com o espectador e a forma Maneirista, de extremo movimento e sublime volume.

A "Última Ceia" - Dieric the Elder Bouts

A "Última Ceia" - Dieric the Elder Bouts
(1464 - 1467)
Pintura a óleo 180 x 150 cm


Nessa representação, o artista volta-se para a comunhão com Cristo, não explorando portanto, o tema da traição.
Destaca-se nessa obra o realismo da cena, e o detalhismo de cada ponto, com a arquitetura Holandesa, as janelas góticas, a paginação do piso, a perfeição dos alimentos à mesa, a sistemática perspectiva, e a possibilidade de visualizar o exterior, por pontos distintos, que mostram jardins.
Como pontos atípicos às demais representações da Última Ceia, temos o formato da mesa, desta vez quadrado e não retangular. Temos também a presença de novos personagens, à esquerda, dois empregados observam a cena através de um portal na cozinha, os outros dois se encontram na sala, e podem representar o pintor ou qualquer um de nós, que esteja pronto para esperar por Cristo e seus discípulos. A obra, se coloca assim, no contexto da vida atual.

Uma super Santa Ceia

Tal imagem é seguramente uma releitura da obra de Da Vinci.
Os personagens bíblicos aqui são representados por Super Heróis. Cristo, ao centro é o Capitão América.
Apesar da falta de contexto com a obra e motivo original, é curioso observar como a posição dos personagens, a perspectiva e o enquadramento das imagens são semelhantes.
Esta obra, destaca-se ainda pela presença de cores vibrantes e quentes e pela refeição com produtos industrializados, que imprimem marcas contemporâneas e afastam a idéia de santidade atribuída ao alimento repartido por Jesus.
POP essa Ceia, não?!

sábado, 16 de dezembro de 2006

A "Última Ceia" _ Ambra Triolo


Ambra Triolo, artista contemporânea italiana, parte da seguinte idéia em sua representação: "Se até Cristo foi traído, nós então... "
Em sua releitura Judas é retratado debaixo da mesa, separado dos demais apóstolos e em cores sombrias para enfatizar seu isolamento.
Jesus está centralizado, em tamanho maior, para enfatizar sua grandeza, além disso, podemos notar que é dele que parte o alimento.
A artista procurou transparecer os sentimentos de decepçao em Cristo, pelo fato da traição que viria a acontecer, não destacando por isso, a ceia do alimento, não há nada sobre a mesa, na verdade não existe sequer uma mesa, embora a figura do pão e do vinho mostrem-se bastante detalhadas.




sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

A "Última Ceia" _ Alexander P. Sachal

IMAGEM: A "Última Ceia" 48"X72"_ Alexander P. Sachal
Data: 1998
Técnica: Óleo

> Nessa representação, o foco do artista não é o alimento, a ceia propriamente dita, mas sim, as expressões de dúvida e questionamentos visíveis nas faces dos discípulos, apesar de parecerem esquemáticos. O artista diz representar nessas faces a humanidade atual, uma multidão de caráteres diferentes... bons, maus... traidores, traídos...
O personagem central,com as mãos sobre a mesa é Cristo. Ele está em frente ao cálice de vinho, elemento representativo, pois não saciaria a todos seus discipúlos. Na mesa lisa, o artista diz representar a virtude, e acrescenta novos elementos, não atribuídos a essa cena na maioria das vezes, ao lado esquerdo, vemos dinheiro, já no direito,uma vela acesa. Abaixo da mesa, num plano menos iluminado, podem ser vistas algumas criaturas, que segundo o artista, simbolizam o mal que inegavelmente existe dentro de cada um de nós.

A "Última Ceia" de Leonardo da Vinci

IMAGEM: A "ÚLTIMA CEIA" Leonardo Da Vinci
Data: 1495- 1497
Técnica: Mista com predominância da têmpera e óleo

Leonardo da Vinci foi um dos mais importantes pintores do Renascimento Cultural, época em que se deixou de acreditar em Deus como razão de todas as coisas, passando a acreditar no poder do homem de julgar, criar e construir.
Nesse contexto, uma de suas principais obras é a "Última Ceia", localizada no refeitório do convento de Santa Maria delle Grazie em Milão. Tal obra, apresenta características essenciais da arte de Da Vinci, como utilização de técnicas artísticas de perspectiva, uso de cores próximas da realidade, figuras humanas perfeitas com expressões de sentimento e detalhismo, temas religiosos, imagens principais centralizadas, paisagens de fundo. É um dos maiores bens conhecidos e estimado do mundo. Ao contrário da maioria das pinturas, nunca foi possuída particularmente, pois não pode ser removida de seu local de origem. Ao longo dos três anos de criação (1495-1497), Leonardo dedicou-se integralmente a esta obra, fato raro para um pintor de sua importância. Mas infelizmente, com o tempo, a imagem sofreu diversas agressões, desde a umidade natural da parede, passando por uma abertura de uma porta, feita pelos padres, até o bombardeio aéreo durante a 2º Guerra Mundial.
A pintura representa, para alguns, a cena da última ceia de Jesus com os apóstolos antes de ser preso e crucificado, como descreve a bíblia em João 13:21. Um dos momentos mais dramáticos da história, segundo os evangélicos, a figura mostra ainda o momento em que Jesus anuncia aos apóstolos que alguém, entre eles, o trairia. Ao centro está Cristo com os braços abertos, em um gesto de resignação tranqüila, formando o eixo central da composição. A partir dele, são representados os discípulos, que, do ponto de perspectiva, são exatos. Podemos reconhecer, da direita para a esquerda: Simão, Tadeu, Mateus, Felipe, Tiago (o Maior), Tomé, João, Judas, Pedro, André, Tiago (o Menor) e Bartolomeu.
Atualmente, o livro O Código Da Vinci, de Dan Brown, percorreu o mundo , sendo lido por milhões de pessoas. Em meio a uma história de suspense, o autor insere a teoria de que o discípulo ao lado direito de Jesus, ao invés de ser João, seria Maria Madalena, por possuir traços femininos. É curioso notar que as cores das roupas de Maria e Jesus são opostas: Maria usa um vestido azul e uma manta vermelha e Jesus uma veste vermelha, com uma manta azul, o que, segundo alguns, pode ter semelhanças com a representação do equilíbrio entre o masculino e feminino, formando ambos um casal. Além disso, as duas figuras são interligadas por um grande M formado pela postura física dos dois na pintura, vê-se o efeito espelhado que simboliza a entrada para uma realidade oculta. Será que Da Vinci realmente pensou em todos estes detalhes, com estas interpretações? Será que isto é obra do acaso?
Existem muitas interpretações para A “Última Ceia” retratada por Da Vinci, muitas lendas cheias de mistério e esoterismo, uma delas conta que Da Vinci, procurava por rostos humanos para pintar psicologicamente os atributos de cada apóstulo. Sendo assim, encontra um jovem muito belo, agraciado de feição inocente para servir de modelo de João, o discípulo amado do mestre Jesus. Finalizado o trabalho, Da Vinci, o pagou, e continuou seu trabalho. Porém, em seguida necessitou encontrar um modelo para Judas Iscariotes. Encontrou então um jovem desalinhado, sujo, sofrido e com todos os vícios refletidos em seu rosto. Da Vinci, vê então naquele homem o apóstolo traidor, e o contrata para posar em sua pintura. Porém, com o término da obra o jovem pergunta ao artista se ele não o conhece, Da Vinci, afirma que não, e jovem então fala : “Eu sou aquele cujo rosto te fascinou para que eu fosse um anjo, o discípulo amado do Cristo. Mas agora, tu vês ao traidor, ao hipócrita.... Tal é o meu estado desde que tu me pagaste abundantemente por haver posado pela primeira vez... Com teu dinheiro caí no vício e na perdição...”

domingo, 3 de dezembro de 2006

Ultima Ceia



A Santa Ceia envolve o tema da transubstanciação, realizado na transformação do pão em carne e do vinho em sangue, nesse rito, o homem demonstra ser fiel a cristo, simbolizando a necessidade de alimentar-se espiritualmente.
As idéias do Cristianismo, a vida de Jesus e diversas passagens bíblicas, sempre foram retratadas em pinturas e esculturas, sobretudo em tempos que a igreja era mantenedora de muitos artistas.
Muitas passagens bíblicas continuam sendo retratadas por artistas modernos e contemporâneos, que enfrentam o desafio de reinventar os temas religiosos e transmitir os sentimentos que os envolve.
A “Última ceia” retratada por Leonardo da Vinci, foi encomendada pelo Duque de Milão, Ludovico Sforza, e pintada na parede do refeitório do Convento dos Dominicanos de Santa Maria Delle Grazie, em Milão, entre 1495 e 1497 e tornou-se uma das imagens mais populares do mundo cristão, e certamente, uma das obras com o maior número de releitura.
Cabe aqui, discutirmos então, as relações transtextuais, conforme Genette “a hipertextualidade é um aspecto universal da literatura, não há obra que não evoque, de alguma forma, alguma outra. Nesse sentido, todas as obras seriam hipertextuais”.
A paródia é uma produção lúdica, e reside na retomada de um texto, trabalhando com novas e diferentes intenções daquelas com que foi criado por seu autor, retoma um texto conhecido para lhe dar um novo sentido ou mesmo desliga-lo de seu contexto original.

Uma outra forma de paródia, que se caracteriza por desenvolver textos de acordo com gosto e estilo de autores pouco aceitos, é vista por Genette como imitação estilística com função crítica ou ridicularizante. Essa paródia de aspecto caricatural recebe a denominação específica de pastiche.
Genette destaca também em sua classificação uma outra forma de hipertexto, a fantasia, produção satírica, que modifica o estilo, sem modificar o assunto.
Além da paródia e da fantasia, Genette propõe o termo transposição para as transformações sérias e o termo forgerie para as imitações sérias.

Tais termos apresentados nos possibilitam analisar a relação das diversas versões da “Última Ceia” que serão expostas aqui com o texto bíblico (objeto) ou com a obra de Leonardo da Vinci (a mais famosa interpretação do objeto).